Como lidar com a defasagem de aprendizagem
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19 de dezembro de 2022
A aprendizagem em sala de aula envolve uma série de processos para que os alunos possam adquirir novos conhecimentos, habilidades e valores a partir da interação com o professor e os colegas.
Existem muitas maneiras de potencializar esses processos, que passam por discussões em grupo, realização de atividades práticas e resolução de problemas.
Contudo, apesar das ferramentas disponíveis no contexto da sala de aula, a defasagem de aprendizagem faz parte da educação no Brasil.
A retomada das aulas presenciais, no pós distanciamento físico pela Covid 19, juntamente com a implementação do Novo Ensino Médio, demandou dos professores e gestores escolares muita dedicação e olhar atento a diversas questões.
Neste texto vamos abordar maneiras de lidar com esta defasagem de aprendizagem. Continue a leitura!
Os números sobre a defasagem de aprendizagem no Brasil
Segundo um relatório publicado pelo Unicef em 2022, o desempenho de aprendizagem dos estudantes brasileiros caiu o equivalente a uma década nos últimos anos, principalmente nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática.
Indicadores como distorção idade-série, evasão escolar e alfabetização também foram influenciados de forma negativa por conta da pandemia de Covid-19.
Uma outra pesquisa, realizada em 2021, pelo Alicerce Educação, avaliou 2.763 alunos no país e observou as lacunas de aprendizagem, que cresceram durante os quase dois anos de ensino remoto e de distanciamento social.
A pesquisa foi feita apenas com alunos e demonstrou que as crianças apresentaram cerca de 2,2 anos de defasagem escolar em matemática, 1,9 anos em leitura e 1,7 anos em redação.
Os jovens apresentaram uma defasagem escolar média de 4,5 anos em matemática, 3,3 anos em leitura e 4,2 anos em redação.
O que é a defasagem de aprendizagem na prática?
A defasagem de aprendizagem é a diferença entre o nível de conhecimento que uma criança ou adolescente possui e o nível de conhecimento que é esperado em relação ao seu grupo etário ou sua escolaridade.
Essa definição parece simples, mas na prática ela lança para a escola uma complexidade que deve ser considerada por professores e gestores.
Em um cenário de defasagem do aprendizado, os professores precisam se dedicar para auxiliar os alunos na compreensão dos conteúdos.
É necessário, contudo, intercalar essa dedicação com os outros estudantes que também precisam ser estimulados.
Como a defasagem afeta a formação dos alunos
A defasagem de aprendizagem afeta negativamente a aquisição de novos conhecimentos acadêmicos, já que os alunos apresentam dificuldade em assimilar o conteúdo e se desenvolver conforme o esperado.
Isso pode prejudicar a capacidade de desenvolvimento não só na escola, mas também no futuro das crianças e jovens, em sua atuação no mercado de trabalho e a sua auto percepção na comunidade.
Outro aspecto dessa questão é a desigualdade entre os alunos.
Os estudantes com defasagem de aprendizado podem ter a sua autoestima prejudicada, o que acarreta em questões comportamentais e até mesmo falta de interesse pelo ambiente escolar.
Em alguns casos, essa falta de interesse é tanta que faz com que o aluno abandone a escola, aumentando dessa maneira a evasão escolar.
O que é recomposição de aprendizagem?
A recomposição de aprendizagem é uma alternativa muito interessante para lidar com os casos de defasagem de aprendizagem.
O objetivo dela é assegurar o domínio de conhecimentos que auxiliem no desenvolvimento de habilidades que estejam de acordo com o ano escolar dos alunos.
Para isso, a BNCC dispõe de competências para guiar essa recomposição:
- Competência número 4: utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
- Competência número 8: conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
O primeiro passo é realizar uma lista de habilidades prioritárias que devem ser assimiladas no ano letivo, em especial nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
Os professores dessas matérias e a gestão da escola podem realizar encontros para discutir essas prioridades e formas de trabalhar em sala de aula.
Como a BNCC e o Novo Ensino Médio visam corrigir a defasagem nas escolas
A proposta de reformulação do ensino médio incluiu em suas justificativas a defasagem de aprendizagem e a afirmação de que os alunos não estavam completando o ciclo escolar com as competências necessárias para atuação no mercado de trabalho.
As competências e habilidades baseadas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) podem fortalecer a oportunidade de assimilação do conhecimento de forma integral, além de fornecer as ferramentas para a atuação futura no mercado de trabalho..
A transição, juntamente com o foco em itinerário formativo, demanda da escola uma discussão profunda e efetiva sobre a recomposição de aprendizagem.
Atualmente, existem cursos com essa temática que são válidos para encontrar formas de lidar com a situação. Mais do que isso, a gestão precisa possibilitar aos professores momentos de conversa sobre a defasagem de aprendizagem.
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