Combate ao racismo e Educação: qual o papel da escola na redução da discriminação racial?
A escola é um espaço de sociabilização, troca de conhecimentos e aprendizado, que tem impacto direto na vida de crianças e adolescentes. Junto com a família, a escola é um dos principais agentes na formação desses indivíduos, por isso é importante que a educação livre de qualquer preconceito racial seja intrínseca ao currículo escolar.
O racismo é um tema complexo que está presente em todas as esferas da sociedade. Ao trazer o debate da diversidade racial para dentro de sala de aula, a escola contribui para a formação dos alunos e o desenvolvimento de cidadãos conscientes que respeitam a diversidade.
O que é Educação Antirracista?
A Educação Antirracista é aquela que entende a discriminação racial como um problema estrutural da sociedade, que pode estar presente em todos os lugares, inclusive na escola, e pauta as relações entre os indivíduos desde a infância.
Ao reconhecer essas questões, a escola deve preparar os alunos para que se coloquem a favor da igualdade entre os indivíduos.
Ao promover uma educação antirracista, a escola está trabalhando para desconstruir o racismo em toda a sociedade, já que prepara as crianças e adolescentes para uma cidadania igualitária e oferece a eles os métodos e ferramentas para isso.
Nesse sentido, é importante que os professores de todas as disciplinas trabalhem as questões raciais, culturais e de representatividade, mostrando a diversidade como um valor essencial para toda a comunidade escolar.
O antirracismo, portanto, não deve ficar restrito apenas ao Dia da Consciência Negra ou a uma disciplina específica, mas deve estar presente no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e, com isso, fazer parte de todas as disciplinas.
Como promover a Educação Antirracista na sua escola
A lei nº 11.645/2008 torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena em escolas públicas e privadas do Ensino Fundamental e Médio de todo o Brasil.
Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE) também preveem o combate ao racismo nas escolas.
Assim, as instituições de ensino que estiverem se adaptando à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) devem adaptar o currículo de História para desenvolver habilidades e competências relacionadas ao tema.
Entenda como a sua instituição de ensino pode promover a educação antirracista na prática:
Reconhecer que o racismo está presente em todos os lugares
A escola não é um espaço segmentado da sociedade, portanto, não está imune ao racismo e o primeiro passo para combatê-lo é reconhecer que está presente em todos os lugares.
Por isso, é importante fazer uma autocrítica e conversar com gestores, professores, colaboradores, alunos e familiares para ouvir suas experiências. Nesse sentido, uma gestão democrática é a melhor ferramenta para realizar mudanças concretas.
Ter profissionais negros e indígenas em diversos cargos
Muitas vezes, a falta de professores, gestores e outros profissionais negros, indígenas ou de outras etnias faz com que os alunos não tenham contato com a diversidade e não consigam se ver nesses espaços.
A representatividade é essencial para o exercício da empatia e contribui para que as crianças e adolescentes tenham exemplos próximos para entender a importância da diversidade racial.
Incluir as famílias dos alunos nas conversas
A escola e as famílias devem estar alinhadas e trabalhar juntas para a formação e o desenvolvimento dos indivíduos.
Por isso, se um aluno tem uma atitude racista, é preciso envolver os familiares para explicar o que aconteceu, por que o ato foi incorreto e encontrar a melhor maneira de estimular a mudança de comportamento.
Em alguns casos, a família pode demonstrar um desconhecimento do tema ou até mesmo corroborar com a ação do aluno, portanto os gestores devem estar preparados para atitudes mais incisivas, sem deixar de combater o racismo.
Dar apoio às vítimas de casos de racismo
Se um aluno sofrer discriminação na escola, é papel da instituição de ensino apoiá-lo e ajudar a denunciar aos órgãos competentes, se necessário.
Nesse sentido, é importante entender que racismo é diferente de bullying, ainda que as vítimas de ambos devam receber suporte da escola.
O bullying costuma ter origem no ambiente escolar e pode, ou não, se expandir para fora dele, ocorrendo exclusivamente nas relações interpessoais.
Todos os estudantes, independentemente de cor e etnia, estão sujeitos a sofrer ou praticar bullying, que, mesmo sendo uma forma de violência, em estágios iniciais não é considerado crime.
Já o racismo é um crime previsto na Constituição que não está restrito à escola e pode ocorrer em todas as esferas da sociedade.
Este tipo de violência está relacionada à discriminação em função da raça ou etnia e, dessa forma, indivíduos negros, indígenas e de outras etnias são vítimas de racismo e podem, ou não, sofrer bullying ao mesmo tempo.
A diversidade é uma discussão urgente nas escolas e é fundamental em uma educação de qualidade em qualquer etapa, mas, para que os professores e gestores possam se dedicar a essas questões, é preciso manter a instituição organizada desde o primeiro dia de aula.
Muitos profissionais apontam a falta de tempo como um empecilho no desenvolvimento de atividades relacionadas à formação dos estudantes e, para superar esse e outros desafios, os gestores podem contar com ferramentas que facilitam a gestão escolar.
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